segunda-feira, 19 de maio de 2014

A Santa Voz do EXAGERO





Atualmente fica realmente muito complicado se posicionar sobre assuntos espinhosos que sejam amplamente dominados e regidos pela ditadura do politicamente correto. Todo e qualquer tipo de discussão sobre classes sociais, diferença de gêneros, diversidade sexual, religião ou etnia, acabam sendo enlatados e amarrados dentro dos padrões do “certinho”, do “orgulho da mamãe”. Qualquer pessoa que ouse pensar de maneira própria ou fora da caixinha, como qualquer prego que se destaque, acabará sendo prontamente martelada.

Eu poderia falar sobre a mais nova polêmica do shopping dos ricos daqui do Rio, mas isso será feito em outro blog. Como nosso papo é esporte, vou falar sobre a Fernanda Colombo, a bandeirinha (ou assistente, para os mais rigorosos) que está afastada depois de duas péssimas atuações. Alguns pontos de todo esse “causo” devem ser analisados com um pouco mais de frieza e lucidez. São diversos lados, com exageros de ambas as partes e muito pouco bom senso envolvido. A imprensa, como quase sempre, ou expõe seus podres, ou aproveita para vender notícia, transformando o ocorrido em algo muito maior e sem reflexões.

Senhoras e senhores, eu nunca vi, em toda essa indústria vital, dirigente de time prejudicado pela arbitragem em um clássico, ser polido ao criticar a turminha do apito. Reparem que nada foi tão absurdo quanto venderam. O dirigente do Cruzeiro, muito provavelmente, acompanhou pelo noticiário esportivo as primeiras matérias sobre Fernanda Colombo, onde seus erros no jogo do São Paulo ficaram em um segundo plano, já que sua beleza era o tema principal das matérias sobre ela. Eu mesmo cheguei a ler matérias falando sobre a bela bandeirinha, notas sobre um suposto interesse da Playboy em contar com ela para um ensaio e tudo mais .



Antes de voltar a discutir as declarações do dirigente, creio que precisemos dissecar um pouco melhor a relação da imprensa. Particularmente, não consegui digerir a forma irresponsável e incrivelmente preconceituosa como o assunto foi tratado, principalmente pela FoxSports e pela ESPN. Entendo e reconheço que o machismo exista. Não o vejo presente em nossa sociedade da forma exagerada como pregam por aí. Vou além, acredito que hábitos machistas sejam, por diversas vezes, cultivados e propagados pelas próprias mulheres. Ainda assim, não consegui compreender as razões pelas quais as duas emissoras e seus seletos times de jornalistas, fizeram uma cobertura tão pedestre sobre o assunto.

O restante não ficou atrás, mas preferiu vender notícia. Curioso que até as declarações do cartola celeste, todas as matérias que tinham relação e foco na beleza da “bandeirinha gata”, não eram consideradas machistas, principalmente por parte dela. Até aí tudo bem, enquanto falavam bem e esqueciam seus patéticos erros no jogo do São Paulo, todo mundo saía ganhando, principalmente ela. Sendo assim, não havia qualquer interesse, principalmente por parte de Fernanda, que sua beleza fosse deixada em segundo plano, com um foco estritamente profissional. Ela ainda não ‘pagava o preço por ser mulher e bonita’.



Sua atuação no jogo do tricolor paulista foi absolutamente patética, errando 62,5% dos lances em que foi exigida. Na partida em questão errou em 5 de 8 lances sob sua responsabilidade, com direito a erro grosseiro, marcando um impedimento em que o atacante do SPFC saia do próprio campo, o que demonstra uma grande deficiência técnica e um baixíssimo conhecimento das regras e suas aplicações. A atuação abaixo da crítica foi soterrada mais uma vez por sua beleza e ela acabou sendo escalada para o clássico mineiro. O eixo Rio-SP realmente não compreende a pressão de um clássico mineiro ou gaúcho. Não existe rivalidade diluída, o jogo é uma espécie de campeonato.

Inocência, complacência ou incompetência de quem deixou que a escala se mantivesse, mas como acontece (às vezes) também com árbitros homens, ela foi mantida e foi para o jogo. Ao contrário daquilo que foi visto anteriormente, sua atuação não foi péssima no decorrer da partida, mas no final, Fernanda Colombo assinalou um impedimento inexistente em um lance pra lá de fácil. Mal ou bem, apesar das diversas declarações no pós jogo do SPFC, o time saiu vitorioso, não comprometendo o resultado final da tabela. Ela não teve a mesma sorte no clássico mineiro, seu erro parece ter sido fundamental para a derrota celeste, mesmo com uma atuação menos pior, além do resultado, a grosseria do erro pesava contra a bandeirinha loira.

É nesse ponto que voltamos a discutir o que foi dito pelo cartola do azul de Minas. Será mesmo, que suas declarações foram tão machistas? Ou tudo isso foi um mero reflexo de todas as notícias que tomavam conta da imprensa, falando pouco a respeito do trabalho da árbitra e muito sobre sua beleza e seu futuro, inclusive sobre a sondagem da famosa revista masculina? O dirigente, como reza o politicamente correto, foi pregado na cruz, sem sequer analisarem a maior ênfase de seu discurso, quando ele diz que não tem nada a ver com ser mulher, bonita ou feia, tem a ver com ela ser ruim e fraca no cumprimento de sua função. Mesmo assim, acharia razoável que o mesmo fosse denunciado ao STJD.



A imprensa foi surrada por parte da própria imprensa, com justiça e com exagero, como também é comum. Mas eles que se entendam. Existem meios que são profundamente machistas por uma questão inerente as suas gêneses e naturezas, mas é sempre mais fácil deixar isso de lado e pronto. Dá trabalho compreender e as diferenças só devem ser respeitadas quando a pessoa elege e adula o lado mais fraco. Em último caso, poderemos sugerir que mulheres arbitrem futebol feminino e homens arbitrem futebol masculino. Pelo menos assim os árbitros poderiam voltar a ser ofendidos com menor preocupação.

Fernanda Colombo aceitou não aceitando o pedido de desculpas de seu ofensor. Além de não acreditar que seu erro mereça repercussão e que ela só paga por ser uma mulher bonita, comparou as declarações do cartola ao(s) assassino(s) que atingiram e mataram um torcedor com um vaso sanitário! Desejo que Fernanda aproveite seu tempo na ‘geladeira’ para dedicar-se mais ao domínio das regras do futebol e menos aos microfones e gravadores. A Ana Paula Oliveira acabou tendo sua carreira abreviada por erros muito menores, mas como o assunto é velho, voltar pra quê? Ainda assim, ela meteu o pé sem comparações absurdas e vitimização exacerbada.

Birite: Cerveja Sul Americana

Por Thigu Soares

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