Atualmente fica realmente muito
complicado se posicionar sobre assuntos espinhosos que sejam amplamente
dominados e regidos pela ditadura do politicamente correto. Todo e qualquer
tipo de discussão sobre classes sociais, diferença de gêneros, diversidade
sexual, religião ou etnia, acabam sendo enlatados e amarrados dentro dos
padrões do “certinho”, do “orgulho da mamãe”. Qualquer pessoa que ouse pensar
de maneira própria ou fora da caixinha, como qualquer prego que se destaque,
acabará sendo prontamente martelada.
Eu poderia falar sobre a mais
nova polêmica do shopping dos ricos daqui do Rio, mas isso será feito em outro
blog. Como nosso papo é esporte, vou falar sobre a Fernanda Colombo, a
bandeirinha (ou assistente, para os mais rigorosos) que está afastada depois de
duas péssimas atuações. Alguns pontos de todo esse “causo” devem ser analisados
com um pouco mais de frieza e lucidez. São diversos lados, com exageros de
ambas as partes e muito pouco bom senso envolvido. A imprensa, como quase
sempre, ou expõe seus podres, ou aproveita para vender notícia, transformando o
ocorrido em algo muito maior e sem reflexões.
Senhoras e senhores, eu nunca vi,
em toda essa indústria vital, dirigente de time prejudicado pela arbitragem em um
clássico, ser polido ao criticar a turminha do apito. Reparem que nada foi tão
absurdo quanto venderam. O dirigente do Cruzeiro, muito provavelmente, acompanhou
pelo noticiário esportivo as primeiras matérias sobre Fernanda Colombo, onde
seus erros no jogo do São Paulo ficaram em um segundo plano, já que sua beleza
era o tema principal das matérias sobre ela. Eu mesmo cheguei a ler matérias
falando sobre a bela bandeirinha, notas sobre um suposto interesse da Playboy
em contar com ela para um ensaio e tudo mais .
Antes de voltar a discutir as
declarações do dirigente, creio que precisemos dissecar um pouco melhor a
relação da imprensa. Particularmente, não consegui digerir a forma
irresponsável e incrivelmente preconceituosa como o assunto foi tratado, principalmente pela FoxSports e pela ESPN. Entendo
e reconheço que o machismo exista. Não o vejo presente em nossa sociedade da
forma exagerada como pregam por aí. Vou além, acredito que hábitos machistas
sejam, por diversas vezes, cultivados e propagados pelas próprias mulheres. Ainda assim, não
consegui compreender as razões pelas quais as duas emissoras e seus seletos
times de jornalistas, fizeram uma cobertura tão pedestre sobre o assunto.
O restante não ficou atrás, mas
preferiu vender notícia. Curioso que até as declarações do cartola celeste,
todas as matérias que tinham relação e foco na beleza da “bandeirinha gata”,
não eram consideradas machistas, principalmente por parte dela. Até aí tudo
bem, enquanto falavam bem e esqueciam seus patéticos erros no jogo do São
Paulo, todo mundo saía ganhando, principalmente ela. Sendo assim, não havia
qualquer interesse, principalmente por parte de Fernanda, que sua
beleza fosse deixada em segundo plano, com um foco estritamente profissional.
Ela ainda não ‘pagava o preço por ser mulher e bonita’.
Sua atuação no jogo do tricolor paulista foi
absolutamente patética, errando 62,5% dos lances em que foi exigida. Na partida
em questão errou em 5 de 8 lances sob sua responsabilidade, com direito a erro
grosseiro, marcando um impedimento em que o atacante do SPFC saia do próprio
campo, o que demonstra uma grande deficiência técnica e um baixíssimo
conhecimento das regras e suas aplicações. A atuação abaixo da crítica foi
soterrada mais uma vez por sua beleza e ela acabou sendo escalada para o clássico mineiro. O
eixo Rio-SP realmente não compreende a pressão de um clássico mineiro ou
gaúcho. Não existe rivalidade diluída, o jogo é uma espécie de campeonato.
Inocência, complacência ou
incompetência de quem deixou que a escala se mantivesse, mas como acontece (às
vezes) também com árbitros homens, ela foi mantida e foi para o jogo. Ao
contrário daquilo que foi visto anteriormente, sua atuação não foi péssima
no decorrer da partida, mas no final, Fernanda Colombo assinalou um impedimento
inexistente em um lance pra lá de fácil. Mal ou bem, apesar das diversas
declarações no pós jogo do SPFC, o time saiu vitorioso, não comprometendo o
resultado final da tabela. Ela não teve a mesma sorte no clássico mineiro, seu
erro parece ter sido fundamental para a derrota celeste, mesmo com uma atuação
menos pior, além do resultado, a grosseria do erro pesava contra a bandeirinha
loira.
É nesse ponto que voltamos a
discutir o que foi dito pelo cartola do azul de Minas. Será mesmo, que suas
declarações foram tão machistas? Ou tudo isso foi um mero reflexo de todas as
notícias que tomavam conta da imprensa, falando pouco a respeito do trabalho da
árbitra e muito sobre sua beleza e seu futuro, inclusive sobre a sondagem da
famosa revista masculina? O dirigente, como reza o politicamente correto, foi
pregado na cruz, sem sequer analisarem a maior ênfase de seu discurso, quando
ele diz que não tem nada a ver com ser mulher, bonita ou feia, tem a ver com ela
ser ruim e fraca no cumprimento de sua função. Mesmo assim, acharia razoável
que o mesmo fosse denunciado ao STJD.
A imprensa foi surrada por parte
da própria imprensa, com justiça e com exagero, como também é comum. Mas eles
que se entendam. Existem meios que são profundamente machistas por uma questão inerente
as suas gêneses e naturezas, mas é sempre mais fácil deixar isso de lado e
pronto. Dá trabalho compreender e as diferenças só devem ser respeitadas quando
a pessoa elege e adula o lado mais fraco. Em último caso, poderemos sugerir que
mulheres arbitrem futebol feminino e homens arbitrem futebol masculino. Pelo
menos assim os árbitros poderiam voltar a ser ofendidos com menor preocupação.
Fernanda Colombo aceitou não
aceitando o pedido de desculpas de seu ofensor. Além de não acreditar que seu
erro mereça repercussão e que ela só paga por ser uma mulher bonita, comparou
as declarações do cartola ao(s) assassino(s) que atingiram e mataram um
torcedor com um vaso sanitário! Desejo que Fernanda aproveite seu tempo
na ‘geladeira’ para dedicar-se mais ao domínio das regras do futebol e menos
aos microfones e gravadores. A Ana Paula Oliveira acabou tendo sua carreira
abreviada por erros muito menores, mas como o assunto é velho, voltar pra quê?
Ainda assim, ela meteu o pé sem comparações absurdas e vitimização exacerbada.
Birite: Cerveja Sul Americana
Por Thigu Soares
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