Durante muitos anos de minha vida,
sonhei ser jornalista esportivo. Achava o máximo observar o trabalho dos caras
ali no gramado e nas cabines de transmissão. Cresci consumindo jornalismo e
respirando jornalismo esportivo. Aprendi, mesmo antes de pensar em me render ao
sonho, a admirar o trabalho de cada um. Considerava a imprensa esportiva uma
grande referência para o próprio esporte, principalmente para o futebol.
Acreditei que a imprensa tivesse real interesse no crescimento dos clubes de
futebol. Fico triste em perceber o quanto errei.
A demissão de Jayme foi, em minha
opinião, equivocada. Mas digo isso só por não gostar do Ney Franco. Acho que
com o Ney Franco, teremos o mesmo nível de treinador, custando o dobro do preço
do Jayme. É também uma opinião particular, acreditar que a demissão de Jayme
não tenha sido conduzida da forma mais humana, íntegra e ideal. Só existem
alguns pontos interessantes em relação a tudo isso. Será que o que foi
noticiado foi mesmo a verdade? Será que o Jayme já estava demitido? Será que a
diretoria não pretendia demiti-lo da forma correta, mas foi atropelada pelo
vazamento. É possível e MUITO provável que assim seja, mas mesmo assim, erraram
novamente.
A partir do vazamento das informações
ou dos rumores, sei lá, a postura esperada seria de que alguém da diretoria
ligasse para o Jayme e dissesse que a permanência dele estava sendo discutida
pelos ‘chefes’ durante a tarde de segunda-feira. Isso não aconteceu. Pra mim, o
maior erro ‘moral’ está aí. Mandar o treinador embora é do jogo. Eu não gostei
da troca, não considerava o Jayme tão culpado assim, principalmente por conta
do elenco e do Departamento Médico lotado. Mas não é aí que quero chegar.
O que considero incrível e triste
é o comportamento da imprensa esportiva na exploração da notícia. Mais do que
ninguém, não acredito em isenção e nem deixo de pensar que imprensa seja um
comércio, mas me impressiona a diferença entre pesos e medidas com as quais a
categoria em questão trata o Flamengo. As mudanças ocorridas na gestão, ainda
com um saldo bastante positivo, deixaram a imprensa visivelmente
desconfortável.
Naturalmente, como notado no
último episódio, as notícias ainda vazam, dando a oportunidade para que os
escribas da bola gerem uma crise que não aconteceria, caso as informações
fossem mantidas em sigilo. Mesmo com o vazamento, as coisas não caminham mais
como antes e fica claro que muita gente da imprensa perdeu sua boquinha, cobrir
o Flamengo não parece mais uma mera troca de favores e amores. Digo isso com
base no modo bem mais amistoso como trataram alguns casos graves na gestão
anterior. Eis os fatos:
A gestão anterior demitiu o
Andrade de um modo tão “cruel” quanto a atual demitiu o Jayme. Ainda assim,
podemos e devemos colocar isso na conta do vazamento das informações.
A gestão anterior permitiu que o
Zico saísse do clube com a pecha de ladrão, principalmente por acusações feitas
pela personalidade mais danosa ao Clube em toda sua história. Personalidade que
na noite de segunda, dizia ser um absurdo a falta de respeito como trataram um
cara com tantos anos de Flamengo. Nesse caso, a atenção da grande imprensa foi
muito pequena, principalmente se compararmos o Zico ao Jayme, com todo respeito
ao Jayme, não dá pra entender.
A gestão anterior perdeu o
Ronaldinho Gaúcho com direito a processo por falta de pagamentos, declarações
estapafúrdias por parte da diretoria foram feitas em larga escala e a exposição
de que o Luxemburgo foi fritado para satisfazer a vontade do dentuço. Mais uma
vez, e observe que no último caso abordado temos milhões de escândalos e
pixotadas simultâneas, a repercussão foi menor do que a demissão do Jayme.
Eu realmente gostaria de entender
a defesa da moralidade sob a ótica do jornalista esportivo. Avaliar a demissão
de um funcionário em sigilo e contratar outro para seu lugar antes de demiti-lo
acontece até mesmo nas doutas redações do nosso país. Vazar essa notícia e
criar um monstro pode ser do comércio, mas a diferença entre pesos e medidas
não me parece bem explicada.
Que a diretoria atual aprenda
depois do papel ridículo que fez. Em minha opinião, repito, um péssimo negócio!
Mas não tira o mérito daquilo que vem sendo realizado. Em tempo, o Flamengo foi
eleito o clube mais transparente do ano de 2013. Peço reflexão aos nobres
jornalistas esportivos, será mesmo que os atuais gestores do Flamengo sejam ‘farinha
do mesmo saco’? Parece-me que ser farinha do mesmo saco é o maior interesse do
segmento que pede profissionalização do futebol. É parecido com o que era dito
sobre nossos estádios, mas isso eu falo depois.
Thigu Soares
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