sexta-feira, 30 de maio de 2014

Cachorro! Louco ou Fujão?!





Wanderlei Silva está à deriva. Depois de faltar (ou fugir) dos comissários da Comissão Atlética de Nevada e ser retirado do card do UFC 175, o Axe Murderer está ameaçado de ser demitido da maior organização de MMA do planeta. Antes de avaliar o patético episódio, acho fundamental avaliar a decadência técnica e de prestígio que vem sendo atravessada pelo mito do pride.

Fazendo uma análise fria de seu cartel, nota-se que Wand já não é o mesmo desde 2006, ainda nos tempos de Pride. Com a aquisição do evento japonês pelo UFC, o careca de Curitiba voltou à organização americana com um cartel negativo, contando com duas derrotas em três lutas. Sendo uma delas, seu fatídico combate contra seu desafeto Vitor Belfort. Seu maior objetivo desde sua volta era um só: positivar seu cartel na organização, consolidar seu nome nos EUA, fortalecer sua imagem junto aos brasileiros e poder ser um dos futuros integrantes brasileiros do Hall da Fama do UFC. Como podemos notar, as coisas não estão acontecendo conforme o planejado.



Decadência Técnica
Após sua volta, o sofrimento nas primeiras cinco lutas foi visível, Wanderlei não parecia o mesmo. Já não era, saiu do Pride sendo derrotado em suas duas últimas lutas e só venceu duas de suas lutas (em tese, as mais fáceis) no período inicial de sua volta ao cage. Cabe ressaltar que a luta que marcou sua volta ao UFC, apesar do resultado negativo, foi histórica. No emocionante combate com Chuck Liddell, acabou superado pelo Homem de Gelo em decisão unânime e inconteste dos jurados. Após a vitória contra Keith Jardine, sofreu com duas derrotas emblemáticas e consecutivas para Quinton Jackson e Rich Franklin. Sua crise técnica passou a ser um assunto amplamente debatido e os boatos de sua aposentadoria começaram a correr pela primeira vez. Wand culpou o corpo, bem como uma série de lesões mal tratadas.


Uma Pausa
Após um ano e meio de inatividade, tratando lesões e se preparando, Chris Leben foi posto na marca do pênalti. A brincadeira não durou meio minuto. Sem ritmo, levou a pior num infight e foi nocauteado de forma emblemática em sua volta. Os questionamentos voltaram naturalmente e com muita força, novamente a aposentadoria voltava à pauta e seu emprego passava a correr perigo. Gozando de prestígio e boas vendas, principalmente no mercado asiático, o Cachorro Louco ganhou mais uma luta teoricamente fácil, enfrentando o vietnamita Cung Le. A luta foi interessante, apesar do nível técnico questionável, o brasileiro venceu por nocaute, no final do segundo round.



Volta por cima?
Depois de ficar relativamente bem na fita, foi escalado pelo UFC para estrelar junto com Vitor Belfort, o primeiro TUF Brasil. Ao final da competição, ele teria sua tão sonhada revanche contra o Fenômeno. Sua imagem saiu do reality show sem muitos estragos. O que vimos foi uma polarização ainda maior de seus admiradores. Wanderlei saiu da zona de ídolo inconteste e passou a ser herói para uns e vilão para outros. Sua postura controversa gerou polêmica. Wand era demasiado desrespeitoso e suas convicções colidiam diretamente com as de Vitor. Durante o programa, além das questões comportamentais, Vitor se mostrou um técnico MUITO superior, mas faltava a final... E ela não aconteceu! Vitor lesionou a mão, precisou ser operado, sendo substituído em cima da hora por Rich Franklin, os dois já haviam se enfrentado em 2009. É importante lembrar que Wanderlei aproveitou a lesão de Vitor para duvidar de sua coragem, seu caráter e sua lesão, além de afirmar que estava pronto e muito preparado para atropelá-lo. Mais uma vez, a boca funcionou mais que os punhos. Tendo vencido apenas um round e demonstrando um cardio MUITO fraco, foi novamente derrotado por decisão unânime, desta vez, dentro de sua casa.

Quase nove meses depois, retornando aos meio pesados, Wand teve mais uma grande oportunidade. Foi convocado para estrelar o UFC Japão, lutando contra Brian Stann, a luta ganhava alguns contornos de despedida, principalmente em caso de derrota. Mais uma vez, venceu no final no segundo assalto, garantia uma sobrevida no UFC e mantinha vivo, mesmo que distante, o sonho de positivar seu cartel e concorrer, no futuro, a um posto no Hall da Fama.



Mais um TUF, um desafeto, contradições e alguns embaraços
Com o objetivo de promover o TUF brasileiro também em terras americanas, Dana White escolheu Chael Sonnen para rivalizar com Wanderlei no TUF Brasil 3. Seria mais fácil vender um TUF estrangeiro contando com um dos maiores vendedores de PPV do evento. Mais do que isso, Dana White colocaria frente a frente dois falastrões que se odeiam. Desta vez, o brasileiro não teria um oponente educado (por vezes até sem sal) como Vitor. Indo além, o brazuca teria a chance de recuperar o prestígio perdido na primeira edição do TUF Brasil.

O tiro saiu pela culatra! Já no início de programa, após uma série de provocações por parte do brasileiro, os dois se engalfinharam no campo de treinamento. Como se não bastasse levar a pior, tendo sido facilmente derrubado e golpeado por Sonnen, o Cachorro Louco perderia um de seus técnicos (Dida), depois de um ato covarde sem precedentes.

Dentro da competição, notei mais algumas coisas. Sua equipe de auxiliares foi muito mais bem montada que a da primeira edição, o grande mestre Fábio Gurgel salvou a lavoura, impedindo uma nova surra técnica contra o time do careca. Mesmo assim, isso não foi o suficiente para torná-lo o técnico vencedor.  Minhas outras observações são mais comportamentais, mas não foram notadas somente por mim. Demente teve seu caminho trilhado e facilitado por Wanderlei sempre que possível, a exemplo daquilo que fez Vitor com Mutante, tendo sido alvo de críticas por isso. Ressalte-se que Vitor ao menos conseguiu colocar Mutante na final (já o Wand...). Outro comportamento bem questionável foi o de contrariar o que havia dito a respeito do casamento de lutas de atletas de mesma academia. Foi pedra contra seu oponente no primeiro TUF, fez o mesmo no TUF3 e recusou-se a admitir.

Sua imagem terminou o TUF pior do que começou, mas ainda restava a luta. Sua redenção estaria próxima, contra um desafeto falastrão e sem TRT. A tarefa seria simples, bater o peso, treinar defesa de quedas e obrigar Sonnen a trocar com ele. Como se todas as máscaras já caídas não fossem suficientes, Wanderlei lesionou a mão (como tanto criticou com Vitor) e pediu um adiamento da luta. Com o combate finalmente remarcado, esperávamos o desfecho da história... Mas Wanderlei resolveu fugir de uma avaliação surpresa da Comissão Atlética de Nevada! Simples assim!



A primeira notícia era de que ele havia faltado aos exames, depois Sonnen divulgou que ele fugiu! Sim, ele fugiu! Quase dois dias depois do acontecimento, o brasileiro subiu um vídeo na internet, onde explica sua INCRÍVEL versão dos fatos! Não pretendo ressaltar os furos e bizarrices de sua versão, mas não acho normal que eu receba uma visita da Comissão Atlética, não assine pois tudo está em inglês e eu resolva deixar o cara lá na academia! Pegar meu carro e ir embora! Wanderlei mora nos EUA a tempo suficiente pra saber que os procedimentos de lá não são à Bangu. Ligar pro advogado, pra um aluno, pro Dana White, pra um tradutor? Não! Vou deixar o cara aqui, pegar meu carro e ir embora, de boas! Dane-se! Vejo isso depois de voltar do Brasil! Justificar o injustificável é uma das tarefas mais difíceis de um homem.

Sob a suspeição de todos, sem prestígio de seus torcedores, da imprensa e de seus companheiros de profissão, a carreira de Wand no UFC está na mão de Dana White. Ainda não foi demitido, talvez por seu valor comercial, mas me parece que ele não terá mais do que uma luta para encerrar sua carreira. Vamos aguardar.

Thigu Soares

quarta-feira, 28 de maio de 2014

A Culpa é da FIFA?!





A Copa tá aí, como já havia dito anteriormente, vai ter Copa! E continuo achando a maior parte do que venho lendo demasiado rasteiro. A FIFA vem sendo criticada de forma absolutamente desproporcional e quase sempre eleitoreira. Parece que temos apenas dois grupos... Os que odeiam a Copa e os que, em tese, são fãs da FIFA, do governo etc. Deve ser chato pra esse pessoal, mas sou obrigado a desapontá-los.

A FIFA não é um exemplo de instituição limpa. Acho que todos já sabem disso. Seus inúmeros escândalos de corrupção ao longo do tempo deixam máculas expostas, facilmente propagadas para quem quiser perder o mínimo de tempo pesquisando.  No entanto, acho que por má vontade, burrice, preguiça ou interesse, algumas pessoas insistem em atirar em alvos errados. Tenho a sutil impressão de que o povo brasileiro é como um jogador perna de pau e esforçado. Sabe, geralmente aquele camisa 8 viril e esforçado, mas que até pra correr, corre errado. Elegemos nossos heróis de conduta ilibada e nossos vilões mortais. O alvo preferido é a Dona FIFA! Os alvos secundários são Pelé, Ronaldo e Joana Havelange (a nova bola da vez).

Começarei pelos últimos, para facilitar um pouco. Joana Havelange, que numa declaração estúpida nos fez lembrar os roubos de seu pai, disse que ‘o que tinha que ser roubado, já foi roubado’. A verdade dói, mas não entendo como colocamos a culpa automaticamente nas pessoas. O menor do poste merece uma segunda, uma terceira, uma enésima chance, mas não Joana, que deu o azar de ser filha de quem é. Sem que esqueçamos que sua declaração foi estúpida SIM. 



O Pelé, que como todos sabem, calado é um poeta, passou a ser alvo de diversos insultos. Quem me conhece sabe que odeio o Pelé... Ou o Edson, não sei. Gosto daquele negão que deitou e parou o mundo com seu futebol. Não vivi sua época, não o vi jogar em campo, mas é fácil, com um mínimo de esforço, saber que ninguém soube tanto do esporte bretão quanto ele. Soube capitalizar sua imagem, muito diferente de tantos outros que vieram antes, durante e depois dele. Louros de seu próprio talento até onde posso julgar. Notícias editadas, instrução mambembe, péssima assessoria e paixão por futebol impedem que seus dribles possam atingir a mídia, que procura e fabrica vilões com incrível velocidade e voracidade.

Ronaldo, que pelo menos até o início da Copa será o maior goleador da história da competição é outro alvo fácil. Mais malandro que Pelé, principalmente em frente aos microfones, resolveu se envolver no COL, mas foi caçado pelos editores dos grandes jornais e pelos usuários de redes sociais. “Uma Copa não se faz com hospitais”, disse o gordo. Naturalmente, os surfistas das redes sociais não devem ter se dado ao trabalho de buscar de onde veio tal declaração. Curiosamente, foi uma declaração dada em uma longa entrevista, onde o Fenômeno falava sobre o que era necessário para um mundial, como obras de mobilidade, estádios e infraestrutura aeroportuária.

Ainda na fatídica entrevista, ele defendeu o investimento pesado em setores como saúde e educação, mas que as exigências da FIFA eram baseadas em outros aspectos. Meses depois, ele criticou o atraso de nossas obras, bem como a cultura do “jeitinho brasileiro”. Enquanto isso, nosso douto ministro dos esportes declarava que nunca foi a um casamento em que a noiva não atrasasse. Bastou uma foto com o opositor e uma declaração dizendo que se sentia envergonhado por conta dos atrasos que seus antigos detratores ganharam novos adeptos. Com direito ao repúdio do ministro, da presidente e de um dos maiores aproveitadores e eleitoreiros da Copa, Romário.

O curioso, principalmente no último caso, é que muitos apoiadores do governo resolveram cair de pau no ex-craque obeso. A classe política da situação se doeu demais e agora ele é o mais novo duas caras do país. Seria até muito fácil dizer isso, se não houvesse crítica ao moroso processo de realização da Copa há meses, anos. Mas como dá trabalho pesquisar, caberá a ele o papel de vilão.
Quanto à FIFA? Bom, algumas vezes chego a me divertir com as críticas que dizem que a FIFA deitou e rolou no Brasil, que nos obrigaram a gastar o que gastamos, que não havia necessidade de nada disso e que ela é responsável pelo rombo em nossos cofres públicos. A diversão fica ainda maior quando essa crítica parte de gente que votou e continuará votando no PT, pois tudo faz ainda menos sentido.



Foi o PT que conseguiu trazer a Copa. Até aí, tudo lindo, ponto pro Lula. Foi o Lula que pediu junto à FIFA o aumento no número de cidades-sede. A recomendação da entidade máxima do futebol aconselhava de oito a dez sedes. Lula esticou a corda e pediu que o número fosse ampliado. Mesmo sabendo de nossas dificuldades em cumprir prazos e de nosso atraso em infraestrutura, eles cederam, mesmo com os avisos de Valcke, que também virou alvo por ser sincero demais. Com o aumento das sedes, naturalmente, nosso gasto seria elevado, mas pesariam dois fatores em nosso favor. O primeiro seria o legado, ampliado e cobrindo uma parte maior de nosso gigantesco do país. O segundo seria a maior mentira da Copa! A Copa da iniciativa privada.

Como previsto, nada disso aconteceu. Estádios superfaturados, estádios inúteis e superfaturados (os famosos elefantes brancos) como a Arena Amazônia, a Arena Pantanal e o estádio de Brasília (que nem sei mais como se chama) foram construídos ou remodelados. Alguns outros, como o Maracanã, por exemplo, foram entregues a empresas privadas sem que qualquer legado para o povo ou para os clubes de futebol perdurassem após a competição. Nós, através de nossos governantes, aceitamos o caderno de encargos da FIFA e nos comprometemos a cumprir suas exigências. Ressalto que a maioria delas seria benéfica para o país, mas não soubemos aproveitar e agora culpamos o evento. O mesmo deverá acontecer nas Olimpíadas, mas a bola da vez é a COPA. 



Somos o volante que tem vontade, mas não sabe correr. Somos o marido traído que pega a esposa com o amante no sofá de casa e vende o sofá. A culpa não é da Copa, a culpa não é da FIFA, ela é só nossa. Já perdemos o melhor que a Copa poderia nos oferecer. Resta-me torcer pelo hexa. Tudo muito amargo, mas não torcerei para que a seleção fracasse por conta disso. Em meio a tanta tristeza, merecemos essa pequena alegria.

“De todas as coisas pouco importantes do mundo, o futebol é a mais importante delas.” (Autor Desconhecido).

Thigu Soares

Birite: Guiness (Amarga e gostosa como a vida).

A bola parada





A Copa do Mundo está próxima, galopando como um puro sangue, estamos a poucos passos de sue início, vai ter copa! Antes de avaliarmos as principais seleções, resolvemos no debruçar sobre alguns temas e assuntos interessantes e que podem vir a definir uma surpresa ou o campeão do mundo. Sendo assim, começamos por um tema curioso, que provavelmente venha a aparecer por aqui novamente. “Bola parada não se move”. Logo, não cruz a linha fatal, certo? Todos sabemos que, no futebol, isso é uma meia verdade.

Pelé, Carlos Alberto Torres, Rivelino, Zico, Raí, Branco, Roberto Carlos, Ronaldinho Gaúcho. Todos eles, além de tantos outros, fizeram de nossa seleção um time temido pelas bolas paradas. Quando contamos com bons cobradores de falta, o adversário pensa duas vezes na hora de parar uma jogada com falta. No jeito ou na força, tínhamos opções e poder de fogo pra dar e vender. Em alguns mundiais, a abundância era tanta que contávamos com cobradores incríveis até mesmo no banco. Como em 2006, com Juninho Pernambucano no banco.

É um fato simples, de difícil aceitação e um pouco triste, mas nosso futebol não produz grandes cobradores de falta há tempos. Aparentemente, nosso último grande especialista na posição foi Ronaldinho Gaúcho. Bem verdade também que o mundo do futebol não está num momento onde eles surjam aos montes, mas na Copa, podemos vê-los em bom número. Mesmo em 2010, quando vivíamos uma enorme escassez de talentos, o escrete canarinho contava com um “especialista”. Coube a Elano, até nosso penúltimo jogo, a responsabilidade de levar perigo às redes e áreas adversárias.

Atualmente, não temos ninguém que possamos chamar de ‘pronto’. Sem nenhum especialista, a tendência é que Felipão teste Oscar, Neymar e David Luiz, com Thiago Silva e Hulk correndo por fora. Também é provável que caso não encontre um nome, Big Phill invista em jogadas ensaiadas. O problema do ‘plano B’ é que demandam muito tempo de treinamento e uma grande variedade. Não me parece que o tempo seja aliado das seleções, o tempo de preparação é curto e muito voltado para a recuperação dos jogadores. Vamos acompanhar.

Thigu Soares

segunda-feira, 19 de maio de 2014

A Santa Voz do EXAGERO





Atualmente fica realmente muito complicado se posicionar sobre assuntos espinhosos que sejam amplamente dominados e regidos pela ditadura do politicamente correto. Todo e qualquer tipo de discussão sobre classes sociais, diferença de gêneros, diversidade sexual, religião ou etnia, acabam sendo enlatados e amarrados dentro dos padrões do “certinho”, do “orgulho da mamãe”. Qualquer pessoa que ouse pensar de maneira própria ou fora da caixinha, como qualquer prego que se destaque, acabará sendo prontamente martelada.

Eu poderia falar sobre a mais nova polêmica do shopping dos ricos daqui do Rio, mas isso será feito em outro blog. Como nosso papo é esporte, vou falar sobre a Fernanda Colombo, a bandeirinha (ou assistente, para os mais rigorosos) que está afastada depois de duas péssimas atuações. Alguns pontos de todo esse “causo” devem ser analisados com um pouco mais de frieza e lucidez. São diversos lados, com exageros de ambas as partes e muito pouco bom senso envolvido. A imprensa, como quase sempre, ou expõe seus podres, ou aproveita para vender notícia, transformando o ocorrido em algo muito maior e sem reflexões.

Senhoras e senhores, eu nunca vi, em toda essa indústria vital, dirigente de time prejudicado pela arbitragem em um clássico, ser polido ao criticar a turminha do apito. Reparem que nada foi tão absurdo quanto venderam. O dirigente do Cruzeiro, muito provavelmente, acompanhou pelo noticiário esportivo as primeiras matérias sobre Fernanda Colombo, onde seus erros no jogo do São Paulo ficaram em um segundo plano, já que sua beleza era o tema principal das matérias sobre ela. Eu mesmo cheguei a ler matérias falando sobre a bela bandeirinha, notas sobre um suposto interesse da Playboy em contar com ela para um ensaio e tudo mais .



Antes de voltar a discutir as declarações do dirigente, creio que precisemos dissecar um pouco melhor a relação da imprensa. Particularmente, não consegui digerir a forma irresponsável e incrivelmente preconceituosa como o assunto foi tratado, principalmente pela FoxSports e pela ESPN. Entendo e reconheço que o machismo exista. Não o vejo presente em nossa sociedade da forma exagerada como pregam por aí. Vou além, acredito que hábitos machistas sejam, por diversas vezes, cultivados e propagados pelas próprias mulheres. Ainda assim, não consegui compreender as razões pelas quais as duas emissoras e seus seletos times de jornalistas, fizeram uma cobertura tão pedestre sobre o assunto.

O restante não ficou atrás, mas preferiu vender notícia. Curioso que até as declarações do cartola celeste, todas as matérias que tinham relação e foco na beleza da “bandeirinha gata”, não eram consideradas machistas, principalmente por parte dela. Até aí tudo bem, enquanto falavam bem e esqueciam seus patéticos erros no jogo do São Paulo, todo mundo saía ganhando, principalmente ela. Sendo assim, não havia qualquer interesse, principalmente por parte de Fernanda, que sua beleza fosse deixada em segundo plano, com um foco estritamente profissional. Ela ainda não ‘pagava o preço por ser mulher e bonita’.



Sua atuação no jogo do tricolor paulista foi absolutamente patética, errando 62,5% dos lances em que foi exigida. Na partida em questão errou em 5 de 8 lances sob sua responsabilidade, com direito a erro grosseiro, marcando um impedimento em que o atacante do SPFC saia do próprio campo, o que demonstra uma grande deficiência técnica e um baixíssimo conhecimento das regras e suas aplicações. A atuação abaixo da crítica foi soterrada mais uma vez por sua beleza e ela acabou sendo escalada para o clássico mineiro. O eixo Rio-SP realmente não compreende a pressão de um clássico mineiro ou gaúcho. Não existe rivalidade diluída, o jogo é uma espécie de campeonato.

Inocência, complacência ou incompetência de quem deixou que a escala se mantivesse, mas como acontece (às vezes) também com árbitros homens, ela foi mantida e foi para o jogo. Ao contrário daquilo que foi visto anteriormente, sua atuação não foi péssima no decorrer da partida, mas no final, Fernanda Colombo assinalou um impedimento inexistente em um lance pra lá de fácil. Mal ou bem, apesar das diversas declarações no pós jogo do SPFC, o time saiu vitorioso, não comprometendo o resultado final da tabela. Ela não teve a mesma sorte no clássico mineiro, seu erro parece ter sido fundamental para a derrota celeste, mesmo com uma atuação menos pior, além do resultado, a grosseria do erro pesava contra a bandeirinha loira.

É nesse ponto que voltamos a discutir o que foi dito pelo cartola do azul de Minas. Será mesmo, que suas declarações foram tão machistas? Ou tudo isso foi um mero reflexo de todas as notícias que tomavam conta da imprensa, falando pouco a respeito do trabalho da árbitra e muito sobre sua beleza e seu futuro, inclusive sobre a sondagem da famosa revista masculina? O dirigente, como reza o politicamente correto, foi pregado na cruz, sem sequer analisarem a maior ênfase de seu discurso, quando ele diz que não tem nada a ver com ser mulher, bonita ou feia, tem a ver com ela ser ruim e fraca no cumprimento de sua função. Mesmo assim, acharia razoável que o mesmo fosse denunciado ao STJD.



A imprensa foi surrada por parte da própria imprensa, com justiça e com exagero, como também é comum. Mas eles que se entendam. Existem meios que são profundamente machistas por uma questão inerente as suas gêneses e naturezas, mas é sempre mais fácil deixar isso de lado e pronto. Dá trabalho compreender e as diferenças só devem ser respeitadas quando a pessoa elege e adula o lado mais fraco. Em último caso, poderemos sugerir que mulheres arbitrem futebol feminino e homens arbitrem futebol masculino. Pelo menos assim os árbitros poderiam voltar a ser ofendidos com menor preocupação.

Fernanda Colombo aceitou não aceitando o pedido de desculpas de seu ofensor. Além de não acreditar que seu erro mereça repercussão e que ela só paga por ser uma mulher bonita, comparou as declarações do cartola ao(s) assassino(s) que atingiram e mataram um torcedor com um vaso sanitário! Desejo que Fernanda aproveite seu tempo na ‘geladeira’ para dedicar-se mais ao domínio das regras do futebol e menos aos microfones e gravadores. A Ana Paula Oliveira acabou tendo sua carreira abreviada por erros muito menores, mas como o assunto é velho, voltar pra quê? Ainda assim, ela meteu o pé sem comparações absurdas e vitimização exacerbada.

Birite: Cerveja Sul Americana

Por Thigu Soares