Tenho certo preconceito com a
vitimização, isso não é uma novidade, nenhuma novidade. Algumas delas, admito,
ponho “na conta” desse meu preconceito. Entretanto, existem outros momentos em
que eu simplesmente não consigo compreender o motivo de tanto carinho em alguém
que, no momento, não merece. Por corporativismo ou vontade de aparecer, sempre
vejo tudo isso com péssimos olhos.
Sou fã de Luís Suárez. Acho
incrível a forma como ele se entrega em campo, a famosa raça ‘charrua’ do
Uruguai fica exposta sempre que ele está jogando. Torci por ele nesta Copa,
vibrei e me emocionei com ele, com seu fisioterapeuta e com todo o ar épico que
já se desenhava em torno dessa epopeia uruguaia.
Suárez joga como se possuído
estivesse... Para o bem e para o mal! Comporta-se como um peladeiro cascudo,
que está entrando em campo em um jogo contra que vale a honra de seu time, de
seu bairro. O problema não é bem esse tipo de comportamento. O jeito arredio,
intenso e insano são também encantadores, principalmente para quem curte
futebol.
Como quase sempre, foi decisivo
quando necessário. Como quase sempre, perdeu a cabeça quando não devia. A ficha
de Luisito é extensa, quase sempre recheada de episódios lamentáveis. Os
episódios envolvendo insultos racistas e ataques de mordidas já são um tanto
frequentes, sem contar com os demais episódios de indisciplina.
Uma infância difícil não é
exclusividade no meio do futebol. O esporte bretão está recheado de histórias
tristes, pobres, famintas, violentas, alcoólicas e com famílias desestruturadas.
E essa questão não sequer exclusividade do Brasil ou da América Latina. O
futebol é um esporte composto, em sua enorme maioria, por jogadores de origem
humilde, no mundo todo.
No calor do jogo, o juiz,
inocente, nada viu. Coube à FIFA decidir o que deveria ser feito com Suárez. Além
de óbvio, era fundamental que a punição ao novo ataque vampírico fosse coerente
e exemplar. Não somente pela agressão em si, pela falta de fair play... Mas
principalmente pela reincidência no fato. Afinal, não era a primeira vez! Nem a
segunda... Nas últimas 4 temporadas, o uruguaio boca nervosa ficou fora de mais
de 30 partidas, todas por questões disciplinares. O recado teria de ser claro e
duro.
Sabendo da necessidade de um
posicionamento forte, a entidade máxima do futebol puniu Suárez com 9 jogos
FIFA, banimento do futebol por 4 meses e mais uma multa de cem mil francos
suíços. Achei justa, pra falar a verdade, esperava até mais. Até aí, tudo bem,
mas como tava demorando, eis que surgem os defensores de Suárez. O que menos me
incomoda é a defesa, todos podem e devem ser defendidos. Inclusive, gostaria de
deixar claro que a defesa apresentada pelos uruguaios foi, no mínimo, patética.
Pessoas como Maradona, jornalistas
esportivos míopes, jogadores e até mesmo a vítima, saíram em defesa de Suárez.
O blog trivela, do UOL, resolveu destacar que a punição era exagerada pois o
comitê disciplinar da FIFA, por não ter uma moral ilibada, não teria condições
de aplicar uma punição severa como essa. Maradona, que se aproxima de Pelé somente
pela quantidade de merda que fala, chamou a entidade de mafiosa. Até mesmo
Maduro, o fantoche de cadáver que preside um país, resolveu entrar na dança. Os
jogadores, alguns deles, classificaram a punição como exagerada, mas eu até
relevo, colocando na conta do corporativismo.
O que me deixa particularmente
perplexo é o fato de tantas pessoas conseguirem colocar seu ódio à FIFA acima
da lógica das coisas, no esporte ou na política, quando falamos de uma visão um
pouco mais ampla, percebo que o Brasil e a América do Sul permanecem com
problemas de visão gravíssimos.
Espero que, mesmo recorrendo, a
punição seja mantida. Torço para ver Suárez em campo logo após esse período.
Que além da tristeza por ter abreviado a participação do Uruguai nessa Copa,
ele aproveite esse tempo para se tratar. Que a essência permaneça, mas com o
mínimo de lucidez.
Birite: Norteña