Não apareci por aqui com o
intuito de me vangloriar novamente pelo acerto em minha profecia. Na realidade,
não há razão para tanto, não foi nenhum feito espetacular. A alta
improbabilidade do evento somente me dava certeza de que o sucesso seria uma
questão protocolar. Garanto que minha confiança daria lugar ao temor e a
insegurança caso tivéssemos conseguido os três gols ainda no primeiro jogo, na
casa de nosso adversário.
“Sempre espere tudo do Flamengo,
meu filho. Para o bem e para o mal”. São frases proferidas pela minha mãe,
durante minha educação flamenga. Naturalmente, o nosso “para o mal” é bem
diferente do mal dos demais. Nosso gigantismo nos permite gozar de uma história
inteira sempre na elite do futebol nacional. O Flamengo é assim, uma força da
natureza avassaladora, que por vezes nos fere, mas quase sempre nos faz sentir o
sabor de estar acima da governabilidade natural das coisas.
Sejamos francos! Quase todos nós
sabíamos como isso terminaria. Somente as teorias mudavam. Mesmo assim, a certeza
tomava conta até mesmo daqueles que diziam que a vaca já havia deitado.
Inclusive, esses “pseudo heréticos” torcedores devem ter sido os primeiros a se
acomodar em seus respectivos sofás ou sair correndo pra adentrar ao Templo
Maior de nossa Magnética Nação, o Maracanã. Nesse último caso, muitas vezes
protegidos pelo argumento de que já haviam comprado, então não desperdiçariam a
grana. Esse traço comportamental é quase tão batido quanto nossa já manjada bipolaridade.
Freud, Lacan, Jung, Pavlov e acadêmicos behavioristas dedicaram grande parcela
de tempo e energia para compreender a psique humana, felizmente tiveram algum
sucesso. Se estes nobres rapazes debruçassem suas narebas sobre as forças que
governam o Flamengo e seus seguidores, hoje, não seriam conhecidos por ninguém.
A complexidade de nossa unicidade
não pode ser estudada. Extrapolar os limites da natureza humana é algo natural
para quem veste essas duas cores. Um nobre santista disse que o impossível era
mera questão de opinião. Para nós, o impossível é logo ali. O flerte com o
improvável é nosso companheiro de longa data. Continuemos então dentro de nossa
natureza caótica, pois em nossa história, o caos e a glória caminham como irmãos.
No sapatinho, we can!
Faltam uns vinte poucos pontos
para que a nossa missão no Campeonato Brasileiro seja encerrada. Quanto mais
cedo concluirmos essa tarefa, que até semanas atrás era apregoada como impossível,
mais cedo poderemos pensar em novos feitos “impossíveis” na Copa do Brasil.
Peço aos nobres torcedores
adversários que continuem secando e passando recibo, isso só nos torna mais coerentes
e naturalmente... Menos humildes. Ser Flamengo, ao contrário do restante, nos
basta. Somos um só. Nós somos parte do time, nós somos a instituição, nós somos
o sabor do impossível. É por isso que enquanto você grita “Vai, “time””, NÓS
gritamos VAMOS, Flamengo!
Não existe impossível quando se
escreve uma história em vermelho e preto.
Saudações Rubro-Negras!