quinta-feira, 4 de setembro de 2014

Mais do Mesmo


Não apareci por aqui com o intuito de me vangloriar novamente pelo acerto em minha profecia. Na realidade, não há razão para tanto, não foi nenhum feito espetacular. A alta improbabilidade do evento somente me dava certeza de que o sucesso seria uma questão protocolar. Garanto que minha confiança daria lugar ao temor e a insegurança caso tivéssemos conseguido os três gols ainda no primeiro jogo, na casa de nosso adversário.

“Sempre espere tudo do Flamengo, meu filho. Para o bem e para o mal”. São frases proferidas pela minha mãe, durante minha educação flamenga. Naturalmente, o nosso “para o mal” é bem diferente do mal dos demais. Nosso gigantismo nos permite gozar de uma história inteira sempre na elite do futebol nacional. O Flamengo é assim, uma força da natureza avassaladora, que por vezes nos fere, mas quase sempre nos faz sentir o sabor de estar acima da governabilidade natural das coisas.

Sejamos francos! Quase todos nós sabíamos como isso terminaria. Somente as teorias mudavam. Mesmo assim, a certeza tomava conta até mesmo daqueles que diziam que a vaca já havia deitado. Inclusive, esses “pseudo heréticos” torcedores devem ter sido os primeiros a se acomodar em seus respectivos sofás ou sair correndo pra adentrar ao Templo Maior de nossa Magnética Nação, o Maracanã. Nesse último caso, muitas vezes protegidos pelo argumento de que já haviam comprado, então não desperdiçariam a grana. Esse traço comportamental é quase tão batido quanto nossa já manjada bipolaridade. Freud, Lacan, Jung, Pavlov e acadêmicos behavioristas dedicaram grande parcela de tempo e energia para compreender a psique humana, felizmente tiveram algum sucesso. Se estes nobres rapazes debruçassem suas narebas sobre as forças que governam o Flamengo e seus seguidores, hoje, não seriam conhecidos por ninguém.

A complexidade de nossa unicidade não pode ser estudada. Extrapolar os limites da natureza humana é algo natural para quem veste essas duas cores. Um nobre santista disse que o impossível era mera questão de opinião. Para nós, o impossível é logo ali. O flerte com o improvável é nosso companheiro de longa data. Continuemos então dentro de nossa natureza caótica, pois em nossa história, o caos e a glória caminham como irmãos. No sapatinho, we can!

Faltam uns vinte poucos pontos para que a nossa missão no Campeonato Brasileiro seja encerrada. Quanto mais cedo concluirmos essa tarefa, que até semanas atrás era apregoada como impossível, mais cedo poderemos pensar em novos feitos “impossíveis” na Copa do Brasil.

Peço aos nobres torcedores adversários que continuem secando e passando recibo, isso só nos torna mais coerentes e naturalmente... Menos humildes. Ser Flamengo, ao contrário do restante, nos basta. Somos um só. Nós somos parte do time, nós somos a instituição, nós somos o sabor do impossível. É por isso que enquanto você grita “Vai, “time””, NÓS gritamos VAMOS, Flamengo!

Não existe impossível quando se escreve uma história em vermelho e preto.

Saudações Rubro-Negras!