Mais de mil dias haviam se
passado desde o nosso último encontro. Curioso sentir tanta saudade de um lugar
que consegue concentrar momentos de euforia e melancolia em minha história de
vida. Mais euforia que melancolia, diga-se de passagem! Mas tudo isso, sempre
sendo definido por um número estampado no placar e o último trilar de um apito.
Ainda assim, o momento do
reencontro deixava-me nervoso. Nunca o tratei somente como um lugar, muito
pouco para toda aura que tens! Eras um ente, um templo, um amigo! E vinha
ouvindo muita gente falar que meu velho amigo não era o mesmo, que aquilo que
fora em outras eras, jamais o seria outra vez! Pior, muito pior! Disseram-me
que meu amigo havia morrido! Resolvi conferir, era muito tempo longe, mas conseguia
notar pelas tuas fotos, que suas mudanças eram profundas.
Com coragem e com a companhia de
outro velho e bom amigo, fui te reencontrar. Cheguei, pra variar, faltando
pouco pro espetáculo. Troquei meu
ingresso, mas tive um pequeno problema, senão suas novas bilheterias já ganhariam
uma nota bem alta. Para o que você custou, poderiam ter melhorado seus guichês,
que continuam baixinho e dificultando a comunicação, mas vamos lá, queria mesmo
ver como você estava.
Subi pelo Beline, existiam novas
filas em formato meio esquisito, você não tinha mais aquelas cordas esticadas
pelas laterais e está mais chique mesmo, muita gente pra ajudar seus amigos
nessa segunda primeira vez. Subi, junto com meu nobre amigo, a famosa rampa. O
curioso é que a famosa rampa ganhou uma bifurcação em seu final. Seguindo em
frente cairia dentro dos caríssimos camarotes. Ok, a rampa foi bifurcada, mas notei
ali mesmo, que independente de sua mudança, sua essência ainda conservava seus velhos
traços!
O que eu precisava ver era o
gramado, a arquibancada, você! Entrei pelo túnel e olhando pra o lado, vi na
expressão do meu amigo a apreensão e o nervosismo que acredito que estivessem
estampadas em meu semblante. Saindo do túnel, vi seu gramado, sua nova
arquibancada e me encontrei de novo contigo. Olhei para nossa imensa massa, linda
e bem vestida em vermelho e preto, e consegui concluir rapidamente que a
mudança foi radical! Você está parecendo outro. Não lembra mesmo suas feições
antigas, mas daí a concordar que agora você está igual ao restante, não mesmo.
Sua voz continua potente, mais
potente até. Que acústica conseguiram! Com o ajuste correto para que tua plebe
volte a conseguir te reencontrar, tenho certeza que teus dias mais épicos
voltarão. Estou bem certo disso. Ontem, depois de mais de 90 minutos de teu
espetáculo, até o mais injusto dos esportes, permitiu que a justiça fosse feita
(mesmo que parcialmente) e que você pudesse ser embalado por vozes, mão e
corações que te gritavam, festejavam e te pintavam em vermelho e preto.
Obrigado, velho amigo! Por favor,
não fique tanto tempo longe novamente. Somos mais nós porque somos você! E você
é mais você porque é, definitivamente vermelho e preto.
Salve o Maracanã!!! SRN!!!
Birite: Chopp Therezópolis St. Gallen - Itahy Centro